CORTEJO 24.11

gracias Ocupa Guattari, Sesc e Ocupação 9 de julho.

e fizemos o cortejo dentro e fora do Ocupa Guattari. Teatro Oficina e Universidade Antropófaga. gostar de ocupar a rua. saber ocupar a rua. querer ocupar a rua. saber da importância de se ocupar a rua com samba, tambores, vozes, harmonias, muitas cores nos parangolés e nos corpos, música de mão dupla, tripla…

o corpo na rua, cantando e dançando, contracenando com quem está morando ali, com quem passa, com que está trabalhando, ou no bar bebendo, ou de mau humor no trânsito, e quem sabe por um pequeno momento esquece os imensos probleminhas da vida.

ver a rua de outro jeito, de outro ângulo, com outro corpo, outro espírito, outra percepção. passar pelo terreiro sagrado profano da Vai Vai, cantar pra escola, macumbar pra ela voltar pra lá, ocupar o lugar que é seu, que é nosso, que é da rua. quem nunca viu o samba amanhecer, vai no Bixiga pra ver . . . é tradição e o samba continua passando, Geraldo Filme vivendo em nós, o bar da dona Odete, nós ali cantando debaixo do sol do meio-dia, agradecendo São Pedro que deu uma trégua pra gente botar nosso bloco na rua. Gingar . . . botar pra gemer !

 

os que sabem os sambas e cantam a plenos pulmões, os que tocam e seguram o ritmo e os corpos na mão, que tocam harmonias que guiam as vozes, os que sabem se comunicar com o povo da rua, com o povo das janelas lá do alto e aqui do lado, com os motoristas dos ubers, dos táxis, dos carros quaisquer. os que não sabem e dublam, que procuram e imitam os lábios que sabem, os que não cantam mas dançam com tudo, com o samba no pé, na palma da mão, nos olhos que encontram olhos desconhecidos e que agradecem a música que passa, que se deixam empestear.

sentir a rua como a passarela do samba, cantar pra Oxum, pro rio soterrado mas que sabemos e sentimos que corre ali por baixo e que acabava de transbordar mais uma vez na noite anterior. parar embaixo do viaduto e tocar e cantar forte que ali a acústica é melhor. a rua não é só pra passar pensando em outra coisa e em outro lugar.

subir o morro da Avanhandava cantando o batuque no morro tá formado, u uu uu uu uu ! ! ! !  . . . quem sabe sabe. haja fôlego e fé cênica. e há !

rua pode ser música e encontro de corpos abertos. e é.

escuta o rufar do meu tambor . . . o Oficina Samba chegou !

 

*fotos e captação de vídeo de Cíntia Molter