Chão do Bixiga

Chão do Bixiga (samba de Fernando Penteado e Elias Gomes)

A capa da revista de sambas retrata um pedaço especial do chão do Bixiga, esquina das ruas São Vicente e Lourenço Granato (que pode ser visto nesta foto de Maurício Shirakawa, tirada nos idos de 2005, bem antes das obras de agora que fizeram de toda essa história um grande buraco no chão).  Em frente à sede social da escola, que acabou de ser demolida para dar início às obras da estação de metrô Saracura Vai Vai. Esta é a luta de vários grupos organizados no bairro do Bixiga: para que o nome da estação seja esse, Saracura Vai Vai, para que as obras sejam interrompidas, pelos muitos objetos de valor arqueológico encontrados ali por conta das escavações, e para que a sede da Escola volte para o local.

Ali eram realizados os ensaios da Escola de Samba Vai Vai, única de São Paulo que praticava seus ensaios ao ar livre, com a permissão e aprovação da vizinhança.  Conquista de anos de samba, porque não foi sempre assim…

Por ali passava o rio Saracura, cujas margens eram conhecidas no final do século XVIII como esconderijo de escravizados fugidos.  Logo depois da abolição da escravidão, a região do Bixiga continuou concentrando boa parte da população negra da cidade, que chegava do interior à procura de trabalho.

Era uma região alagadiça, que em momentos de estiagem tornava-se propícia à prática do futebol.  Ali se reunia no final da década de 20, ainda às margens do rio Saracura – entre as atuais rua Rocha e Rui Barbosa, um grupo de amigos que gostava de futebol, acompanhava os jogos do time do bairro, o Cai Cai, mas se virava melhor no samba.  Passou a ser chamado de turma do Vai Vai, transformando-se oficialmente em 1930, para evitar as constantes perseguições da polícia, no Cordão Carnavalesco Vai Vai, e finalmente em 1972, no Grêmio Recreativo Cultural Escola de Samba Vai Vai.

Fernando Penteado é neto de Fredericão, Frederico Penteado, um dos fundadores da Escola de Samba Vai Vai, integrante daquela turma de amigos.  É mistura de italiano com negro, o que o torna um típico representante das origens do bairro do Bixiga.  Presidente da Ala dos Compositores da Vai Vai, é autor de vários sambas para a escola, compondo também de vez em quando para outras escolas de samba de São Paulo.  É Embaixador Presidente do Samba Paulistano, e compôs Chão do Bixiga em parceria com o compositor Elias Gomes, apresentador oficial dos ensaios da Vai Vai.

o trio Revista do Samba no estúdio Cachuera! (2005)

ficha técnica gravação:

Beto Bianchi – violão e voz

Letícia Coura – voz e cavaquinho

Vítor da Trindade – pandeiro, tamborim, ganzá, surdo e voz